A glicólise se caracteriza como uma via metabólica utilizada por todas as células do corpo, para extrair parte da energia contida na molécula da glicose, e gerar duas moléculas de lactato. Esse processo não envolve consumo de oxigênio molecular e por isso é chamado de fermentação anaeróbica.
Na via glicolítica, como também é chamada a glicólise, são gerados dois moles de ATP por mol de glicose, na ausência de oxigênio molecular.
A glicólise se constitue na etapa inicial no processo da oxidação completa de carboidratos envolvendo oxigênio molecular. A presença de oxigênio nessa primeira etapa pode, de forma indireta, suprimir a glicólise. Esse fenômeno é chamado efeito Pasteur.
Quando a célula contem mitocôndrias, a via glicolítica pode ocorrer mesmo na presença de oxigênio molecular, desde que o piruvato gerado não seja reduzido a lactato. O piruvato entra para a mitocôndria e aí é oxidado completamente a dióxido de carbono e água, gerando cerca de trinta e oito moles de ATP por mol de glicose oxidada.
A via glicolítica apresenta três etapas distintas:
Na primeira etapa a glicose é fosforilada sob a ação da enzima hexocinase e a glicose-6-fosfato (G6P), gerada no citosol, não pode sair da célula.
Essa reação é irreversível. Quando o fígado necessita exportar glicose para outros tecidos, a G6P sofre a ação da enzima glicose-6-fosfatase, que catalisa a reação reversa daquela catalisada pela hexocinase.
A G6P é transformada, em seguida, no seu isômero frutose-6-fostato (F6P), por ação da enzima fosfoglicose isomerase.
Finalmente a F6P recebe mais um grupamento fosfato e é transformada no composto frutose-1,6-bisfosfato. Esta reação também é irreversível e é catalisada pela fosfofruto-cinase, uma enzima alostérica.
Na segunda etapa a frutose-1,6-bisfosfato sofre a ação da aldolase
gerando uma molécula de diidroxiacetona fosfato e uma molécula de gliceraldeído-3-fosfato (GAP).
Sob a ação da triose fosfato isomerase, diidroxiacetona fosfato é convertida em gliceraldeído-3-fosfato.
A terceira etapa tem início com a produção de 1,3-bisfosfoglicerato, composto gerado pela ação da enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase sobre o GAP. Essa enzima tem como coenzima o NAD (Nicotinamida adenina di-nucleotídeo).
O composto 1,3-bisfosfoglicerato é um anidrido misto de um ácido carboxílico e ácido fosfórico, com um alto potencial energético permitindo que, na reação seguinte, catlisada pela fosfoglicerato cinase haja produção de ATP.
A outra reação onde ocorre síntese de ATP é catalisada pela piruvato cinase, enzima que transforma fosfoenolpiruvato em piruvato. Esta é a terceira reação irreversível da via glicolítica.


Regulação da via glicolítica
As três reações irreversíveis se constituem nos pontos de regulação da via glicolítica:
Hexocinase é inibida pelo produto da reação, G6P. Esta enzima está presente na maioria dos tecidos e apresenta um Km menor que 0,1mM para a glicose presente no sangue.
No fígado, além da hexocinase está presente uma isoenzima, a Glicocinase, que também fosforila a glicose, utilizando ATP, mas não é inibida pelo produto da reação. Esta enzima apresenta um Km cerca de 100 vezes maior para a glicose, do que a hexocinase e é inibida pela frutose-6-fosfato, enquanto a frutose-1-fosfato estimula a sua atividade. Por essa razão, quando os níveis de glicose circulante estão altos, o fígado utiliza glicose a uma velocidade considerável e com isso mantem normal a glicemia. Por outro lado, tecidos como o cérebro utilizam glicose mesmo quando a sua concentração no sangue e no tecido se encontra em níveis muito baixos.
Fosfofrutocinase é uma enzima alostérica e por isso, deve catalisar a reação limitante da glicólise, se consitutindo no ponto regulatório mais importante na maioria dos tecidos. Esta enzima é inibida quando os níveis de citrato estão elevados. Por outro lado APM e frutose-2,6-bisfosfato atuam como efetor alostérico positivo.
A piruvatocinase é outra enzima regulatória da glicólise. A presença de ATP inibe a atividade da enzima, enquanto a presença de frutose-1,6-bisfosfato aumenta a sua atividade.
Responsável: Camila
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